Eduardo Castro
Enviado Especial da EBC
Washington (Estados Unidos) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje (14), em entrevista concedida ao lado do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que “é preciso que o crédito volte a fluir para facilitar o fluxo comercial entre os países".
"Vamos trabalhar com uma proposta para discutir no G20. É importante que seja rápido, porque o desempregado de hoje é o problema social de amanhã”.
A entrevista ocorreu no salão oval da Casa Branca, após o encontro reservado dos dois presidentes, que durou 20 minutos. Antes, houve uma reunião mais ampla, que incluiu ministros que estavam com Lula e auxiliares de Obama. Ao todo, os encontros duraram uma hora.
O presidente Lula voltou a criticar o protecionismo, porque esse tipo de ação, agora, segundo ele, aumenta a crise. "Precisamos dinamizar as economias internamente e garantir o crédito para o comércio. É preciso amadurecer uma proposta e apresentar soluções. Eu sou otimista”, disse Lula.
Em resposta, o presidente Barack Obama concordou com Lula e afirmou que aumentar o protecionismo na hora da crise pode dar um resultado contrário ao esperado. “É tendência natural na crise jogar o sacrifício para os outros. Mas é importante garantir a troca de bens, serviços e produtos. Vamos trabalhar junto com o Brasil nesse tema. O objetivo é, no mínimo, não andar para trás”, disse Obama.
O presidente Lula defendeu o programa energético brasileiro a partir do etanol e disse que o Brasil “é abençoado por já defender o combustível limpo há 30 anos. Mas eu sei que uma mudança na matriz energética de um país não acontece de uma hora para outra. É um processo”.
Para Obama, o Brasil mostra extraordinária liderança no tema biocombustíveis. "A minha política é dobrar os esforços no mesmo sentido. A questão do etanol, entre Brasil e Estados Unidos, está tensionada, não vai mudar de um dia para o outro, mas ao longo do tempo isto pode ser resolvido”, garantiu.
No clima de bom humor com que os dois presidentes concederam a dupla entrevista às imprensas brasileira e americana, o presidente Lula voltou a afirmar, desta vez diante de Obama, que reza mais pelo presidente americano do que por ele mesmo.
“Desde a sua posse, há 40 dias, eu digo que eu rezo mais pelo Obama do que por mim. E digo que eu não queria estar no seu lugar”, disse Lula.
Bem humorado, Obama respondeu na hora: “É a mesma que coisa que me diz a minha mulher”.
Convidado pelo presidente Lula, Barack Obama confirmou que fará uma visita ao Brasil, mas não disse a data. “Por ser havaiano, não posso deixar de ir às belas praias do Rio de Janeiro”, disse.
Perguntado se gostaria de visitar a Amazônia, Obama respondeu que sim e completou: “Eu acho que os opositores do Partido Republicano adorariam que eu me perdesse por lá”.
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